O produtor e artista Grafiteh MC, natural de São Paulo, está em Vilhena (RO) participando da Batalha de Vilhena, evento que reúne jovens talentos do rap e do hip-hop da região. Esta é a primeira vez do artista em Rondônia e também em toda a região Norte do Brasil.
“É minha primeira vez aqui em Rondônia, para falar a verdade, a primeira vez também na região Norte do país. Eu tinha esperança de que existisse uma cena de hip-hop aqui, e agora tenho certeza. Mesmo em regiões distantes do eixo, o rap e a cultura hip-hop estão vivos”, destacou o rapper.
Durante sua estadia, Grafiteh já participou de encontros com organizadores locais e acompanhou batalhas de rima em praças da cidade. Para ele, é importante observar como a cultura se mantém em espaços onde outros estilos musicais, como sertanejo e funk, são predominantes.
Hip-hop consolidado no Brasil e no mundo
Grafiteh relembrou que a cultura hip-hop surgiu entre as décadas de 1970 e 1980 e hoje é consolidada internacionalmente. “Se não me engano, completou 52 anos de existência recentemente. No Brasil, ganhou força a partir dos anos 1980, com nomes como Racionais MC’s, Sabotage, Rapadura e tantos outros. Nos anos 2000, essa cultura já estava consolidada e se expandindo para além do eixo Rio-São Paulo.”
O artista também ressaltou a importância de pioneiros como Nelson Triunfo, DJ One e outros nomes que ajudaram a construir o movimento no país.
Desafios do rap e do trap na nova geração
Questionado sobre o cenário atual, Grafiteh afirmou que o trap, subgênero do rap, tem enfrentado um período de repetição de fórmulas. “Vejo muita repetição no trap. O conteúdo muitas vezes é o mesmo, mudando apenas a produção musical. Mas também existe uma cena underground muito forte, que traz inovação e criatividade, ainda que sem grande visibilidade.”
Outro desafio apontado é a forma como os jovens consomem música atualmente. Para o artista, a pressa em buscar conteúdos curtos dificulta a conexão com letras mais profundas. “Eu costumo apresentar a história do hip-hop para mostrar às pessoas que não é só o rap. O hip-hop nasceu como festa, virou movimento de bairro e hoje é uma cultura global. Precisamos resgatar experiências musicais que envolvam e façam o público refletir.”
Vilhena e a força da cultura hip-hop
Grafiteh MC destacou que a Batalha de Vilhena é uma oportunidade de fortalecer a cena local e dar visibilidade aos artistas do Norte. “É muito bom ver que, mesmo distante do eixo, tem gente fomentando a cultura, não só no rap, mas em todas as vertentes do hip-hop. Isso mostra que o movimento continua vivo e em expansão.”
A participação do artista paulista reforça a integração da cena nacional e evidencia o crescimento da cultura hip-hop em Rondônia e em toda a região amazônica.