Em um período já marcado pela adversidade, com uma quebra significativa na safra de soja, produtores rurais de Mato Grosso enfrentam o que parece ser um desafio adicional. Lucas Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja-MT), trouxe à tona acusações preocupantes contra o Governo, alegando uma possível manipulação de dados que estaria afetando negativamente os agricultores da região.
Mato Grosso, conhecido por seu clima favorável à sojicultura, está passando pela mais grave estiagem já registrada no estado, conforme apontado por Beber. Essa condição climática adversa tem levado a uma expectativa de redução significativa na produtividade agrícola. “Realizamos uma pesquisa consultando quase mil produtores. A expectativa média de produção é de 50 sacas por hectare, o que representa uma diminuição de produtividade de 21%”, explicou Beber, ressaltando que, embora a Aprosoja não seja um instituto de pesquisa, é fundamental considerar a percepção dos produtores.
O contraponto entre as estimativas dos produtores e os números oficiais é notável. Enquanto empresas especializadas em agronegócio sugerem que a queda na produção pode superar 25%, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém uma projeção otimista de 155 milhões de toneladas para a safra. Em contraste, a consultoria Pátria Agronegócios e outras vozes do setor estimam números mais conservadores, que giram em torno de 143 milhões a menos de 135 milhões de toneladas.
Esse desalinhamento entre as expectativas dos produtores rurais e as projeções oficiais tem gerado um clamor por transparência e dados mais realistas que possam levar a um ajuste de mercado mais justo. “Os produtores de todo o Brasil discordam das projeções da Conab. O que o governo poderia fazer para realmente ajudar seria apresentar números mais precisos”, enfatizou Beber.
A situação coloca em destaque a importância da precisão e da transparência nos dados fornecidos pelos órgãos governamentais, especialmente em um setor tão vital para a economia e para a segurança alimentar do país como o agronegócio. A resolução deste impasse é fundamental não apenas para os produtores rurais, mas para toda a cadeia produtiva que depende de previsões confiáveis para planejar suas atividades.